Doenças - Parte III

Continuação do artigo sobre doenças

Raiva:

O vírus da Raiva pertence à família Rhabdoviridae, gênero Lyssavírus. O virus da Raiva possui um genoma constituído por um único filamento RNA, e cinco polipeptídeos identificados. Um envelope lipoprotéico, com determinantes antigênicos específicos, é responsável pela indução da formação de anticorpos neutralizantes. Embora seja genericamente considerado como um sorotipo único, estudos recentes utilizando anticorpos monoclonais revelaram uma pequena variação antigênica. 

DETECÇÃO DO VÍRUS  

O vírus da Raiva já foi propagado em uma ampla variedade de animais de laboratório. Os camundongos jovens são freqüentemente utilizados, e o período de incubação nestes é de apenas 7 a 10 dias. Vários meios de cultivo celular são susceptíveis, onde podemos incluir as linhagens de células de rim de hamster, rim de rato, fibroblastos de embrião de galinha, rim de hamster lactente (BHK-21), rim de cão (CK), e células amnióticas humanas (WI-38).

Várias cepas podem se multiplicar em ovos embrionados de galinha ou pata, onde as cepas FIury de alta passagem em ovos (HEP) são mais atenuadas do que as cepas de baixa passagem em ovos (LEP). Ambas já foram utilizadas em vacinas, fabricadas a partir de ovos embrionados de patas.  

A denominação "vírus de rua" ("street vírus") se refere ao vírus selvagem, patogênico, existente em natureza; o "vírus fixado" ("fixed vírus") é o vírus replicado em laboratório, não patogênico.

Através da microscopia eletrônica observou-se que o vírus possui um formato de bala de revólver (alongado, com uma das extremidades arredondadas e a outra obtusa), e mede de 130 a 300 nm x 70 nm. 

SOBREVIVÊNCIA NO MEIO AMBIENTE 

O vírus da Raiva é inativado pelo éter e pela fervura. O glicerol é um excelente preservativo. O vírus é rapidamente inativado pela radiação ultravioleta. Também é destruído pela pasteurização, e na saliva ressecada o vírus perde sua virulência em poucas horas, à temperatura ambiente.

DESINFETANTES 

Os ácidos, álcalis, formol, cloretos (cloreto de mercúrio) e vários outros desinfetantes são bastante eficazes; os compostos fenólicos e a amônia quaternária são menos eficazes. Nos primeiros socorros de casos de mordeduras, podemos utilizar uma solução com 20% de detergente e 70% de álcool ou iodo.

ESPÉCIES SUSCEPTÍVEIS  

Principalmente os animais carnívoros (cães, gatos, raposas, chacais, lobos), porém todos os animais homeotérmicos, inclusive o homem, são espécies susceptíveis. Os morcegos frugívoros e insetívoros podem se tornar infectados, mas os morcegos hematófagos são os principais disseminadores da doença em rebanhos.  

FONTES DE INFECÇÃO  

A saliva é a principal fonte de infecção, mas nem sempre o vírus se encontra presente na saliva dos animais contaminados. A eliminação do vírus através da saliva ocorre num período de 3 a 7 dias antes do animal desenvolver a sintomatologia clínica. Já foram relatados casos onde o vírus estava sendo eliminado 13 dias antes da manifestação da sintomatologia.

Infecções assintomáticas das glândulas salivares em morcegos resultam num período prolongado de eliminação do vírus, por vários meses. O vírus é encontrado com menor frequência no sangue, urina, leite e outras secreções. É improvável que o vírus resista por um longo período de tempo no meio ambiente. 

TRANSMISSÃO

Freqüentemente a infecção ocorre via saliva e traumatismos cutâneos. A disseminação por partículas aerossóis também é possível, desde que a concentração do vírus no ambiente seja bastante elevada, como ocorre nas cavernas onde os morcegos se alojam. 

OCORRÊNCIA 

A Raiva está presente em todos os continentes, excetuando-se a Austrália e a Antártida. Somente 24 países, principalmente os insulares, como Grã-Bretanha, por exemplo, estão livres da doença na forma endêmica.  

Atualmente, a doença tem aumentado em incidência, particularmente entre os animais silvestres. A incidência da Raiva em cães e gatos (e consequentemente em humanos) diminuiu sensivelmente em várias áreas, devido aos procedimentos dos departamentos de saúde pública e campanhas de vacinação em massa.

As pessoas responsáveis pelas campanhas de vacinação anti-rábica demonstram com frequência a dificuldade que encontram em estabelecer medidas efetivas de controle, principalmente com relação à população felina. As recomendações para a vacinação obrigatória de cães são bem aceitas pela população; entretanto, os esforços para se incluir os felinos na vacinação obrigatória, ou mesmo voluntária, encontram ainda certa resistência.

Os gatos se tornaram, entre os animais domésticos, os que apresentaram maior porcentagem de casos de Raiva. Consequentemente, o aumento do número de gatos raivosos constitui a principal causa do aumento do número de pessoas expostas à Raiva. Os gatos acometidos pela doença morderam um número maior de pessoas do que os cães, provavelmente devido à probabilidade dos gatos raivosos apresentarem um comportamento mais agressivo do que os cães.

O maior número de gatos vacinados está diretamente relacionado ao decréscimo da prevalência desta doença na população felina, e consequentemente, diminuiu-se a chance de exposição das pessoas ao vírus. Atualmente, a quase totalidade das vacinas utilizadas, tanto em cães, quanto em gatos, constitui-se de produtos inativados.

Na América do Sul, a Raiva é uma das zoonoses mais importantes, com registro anual de 2500 casos fatais em pessoas, 177000 casos fatais em cães e 30000 casos notificados em bovinos.

PATOGENIA

A principal porta de entrada do vírus é a pele lesada, principalmente por mordeduras. O vírus também poderá ser introduzido através das membranas mucosas dos olhos e boca, e pela inalação; as terminações nervosas olfativas poderão dar acesso ao Sistema Nervoso Central (SNC).

Após a mordedura, a replicação viral ocorre nas células musculares (miócitos). Ocorre freqüentemente uma fase latente, onde o vírus não é detectável, e isto pode ser a razão do longo período de incubação observado nos animais infectados. O antígeno viral se acumula nas terminações neuromusculares e neurotendíneas. O vírus, então, realiza movimentos centrípetos passivos, dos axônios em direção às sinapses, no SNC e na medula espinhal. O movimento ascendente para o cérebro poderá ocorrer em poucas horas, da medula lombar até a base do cérebro. A infecção fica restrita aos neurônios e suas derivações. Ocasionalmente, os astrócitos e as células da glia podem se tornar infectados. Uma maior localização do vírus ocorre inicialmente no sistema límbico, com pouca ação sobre a córtex. Esta distribuição está correlacionada aos sintomas de mudança da agilidade, perda da timidez natural, comportamento sexual aberrante e agressividade, que podem ocorrer durante a Raiva clínica. Quando a disseminação do vírus da Raiva no cérebro é muito rápida, os efeitos de "Raiva Furiosa" não são observados.

Além do movimento centrípeto, o vírus da Raiva poderá se disseminar de forma centrífuga para a retina, glândulas salivares e terminações nervosas sensitivas da pele. Este último se constitui na base para um diagnóstico "ante-mortem", através da biópsia e da aplicação da técnica de imunofluorescência (anticorpos fluorescentes).

INCUBAÇÃO

O período de incubação tende a ser curto quando a porta de entrada do vírus está próxima ao SNC, porém existe uma grande variabilidade (de 10 dias a 1 ano), em cães. O período de incubação típico em felinos varia de 3 a 8 semanas.

SINAIS CLÍNICOS

Três fases são reconhecidas: precursora ou prodromal, excitativa e paralítica. A duração total raramente é maior do que 10 dias; em média, a duração é de 5 a 6 dias.

a) Fase Precursora ou Prodromal (duração de 2 a 3 dias):

  1. Mudanças na disposição: Um animal quieto se torna ativo e excessivamente amigável; o animal ativo se torna nervoso e assustado.
  2. Dilatação das pupilas, salivação; o animal "morde o ar", e late com um som agudo.
  3. Modificação da andadura (passo), com possível rigidez, e contração da musculatura facial.

b) Fase Excitativa ou Raiva Furiosa: 

  1. Aumento dos reflexos de irritabilidade.
  2. Dificuldade de deglutição, sialorréia.
  3. Síndrome de ataque: agressão violenta e viciosa ("olhos faiscando", boca espumando, pelos do dorso arrepiados). Este período pode durar de 1 a 4 dias. Há progressão para um quadro convulsivo terminal ou paralisia, se o animal viver por um período mais prolongado.  

c) Fase Paralítica ou Raiva Silenciosa: 

Se a fase excitativa não é observada, ou é muito curta, então a denominamos como Raiva Silenciosa ou Paralítica. 

  1. O animal não se encontra irritadiço, raramente morde.
  2. Paralisia ascendente dos membros.
  3. Somente 25% dos casos de Raiva em felinos correspondem a este tipo, comparado aos 75% de casos observados em cães.  

DIAGNÓSTICO 

A Raiva deverá sempre ser considerada no diagnóstico de qualquer doença neurológica de curta duração, incluindo as paresias de origem indeterminada. Antes do diagnóstico de Raiva ser descartado ou confirmado, certas precauções deverão ser tomadas para se minimizar os riscos de contaminação em humanos, e deverá ser feita uma notificação do caso às autoridades sanitárias competentes. 

  1. Isolar o animal suspeito.
  2. Se alguma pessoa foi mordida ou tiver contato estreito com o animal suspeito, deverá lavar imediatamente o ferimento com água e sabão, e procurar auxilio médico.
  3. Consultar o veterinário do Centro de Zoonoses. Amostras de tecidos (de preferência da cabeça toda, ou a região do hipocampo cerebral e cerebelo), removidos do animal morto, deverão ser enviadas para laboratórios governamentais de diagnóstico.
  4. O veterinário, recebendo o laudo do diagnóstico, deverá notificar as autoridades sanitárias locais. Deverá também comunicar ao proprietário do animal, e deverá colocar os animais expostos ou suspeitos em quarentena.

 COLHEITA E REMESSA DE MATERIAL PARA EXAME LABORATORIAL 

Deverá ser coletada a cabeça inteira ou cérebro, que deverão ser colocados num isopor com gelo e enviados o mais rápido possível a um Centro de Diagnóstico de Raiva. 

TRATAMENTO 

Nenhum tratamento deverá ser tentado.
Se o animal exposto ao vírus não é vacinado; em se tratando de animais abandonados, recomenda-se proceder a eutanásia, para coleta de material para diagnóstico laboratorial. Uma alternativa seria manter o animal suspeito sob quarentena de 6 meses, o que nem sempre é viável.

Se o animal exposto, tiver um proprietário e for anteriormente vacinado, recomenda-se o seu isolamento para observação clínica por 10 dias, após o que deverá ser revacinado. 

MANEJO DE ANIMAIS SUSPEITOS QUE MORDERAM PESSOAS

Cães ou gatos sadios que morderam pessoas deverão ser confinados e observados por um período de 10 dias, e avaliados por um veterinário, diariamente. Qualquer sintoma que o animal apresente deverá ser comunicado imediatamente ao departamento de vigilância sanitária local. Se houver o desenvolvimento de sinais sugestivos de Raiva, o animal poderá, a critério da autoridade sanitária, ser sacrificado, anteriormente a sua morte natural, e sua cabeça removida e mantida sob refrigeração, para exame a ser realizado posteriormente num laboratório credenciado junto aos órgãos de vigilância sanitária. Qualquer animal vadio que morda uma pessoa poderá ser mantido em observação por 10 dias, ou ser sacrificado imediatamente e sua cabeça ser submetida aos procedimentos acima descritos para diagnóstico de Raiva. 

RESPOSTA IMUNE, INFECÇÃO NATURAL E VACINAÇÃO 

O "vírus de rua" da Raiva induz a produção de interferon, de anticorpos neutralizantes e fixadores de complemento; porém, uma vez que a infecção atinja o SNC, os anticorpos tornam-se relativamente ineficientes. As vacinas induzem altos títulos de anticorpos neutralizantes, aproximadamente entre 7 e 21 dias após a vacinação (período negativo de imunidade), utilizando-se tanto a vacina a vírus vivo modificado, quanto a vacina inativada. A duração da imunidade pode ser de até 3 anos, para as vacinas vivas ou inativadas, em cães ou gatos, mas para obtermos uma imunidade máxima é recomendável a adoção do esquema com revacinações anuais. A primovacinação é recomendada para cães e gatos a partir do quarto mês de vida. 

COMPLICAÇÓES PÓS-VACINAIS EM CÃES E GATOS 

A proporção de cães e gatos raivosos que tem um histórico de complicações neurológicas (encefalite), causadas por vírus vacinal, é extremamente pequena. 

Um diagnóstico presuntivo de Raiva induzida pela vacinação, é baseado principalmente no histórico clínico do animal, onde é geralmente observado um curto intervalo entre a vacinação e o aparecimento dos sintomas (paralisia do membro onde a vacina foi inoculada), ausência de sinais de Raiva furiosa, e ausência de Raiva endêmica na região. Devido às semelhanças entre as várias cepas, é muito difícil distinguir clinicamente, uma encefalite pós-vacinal causada por um vírus vivo modificado, de uma infecção causada pelo vírus virulento ("vírus de rua"). 

As infecções pós-vacinais são mais freqüentemente relatadas em gatos do que em cães; isto está relacionado ao fato do gato possuir uma maior sensibilidade às vacinas de Raiva, especialmente as que possuem vírus vivos modificados. 

Na maioria dos casos relacionados, os gatos apresentam uma paralisia característica do membro onde a vacina foi inoculada, 2 a 3 semanas após a inoculação. Posteriormente, desenvolve-se um quadro de paralisia bilateral ascendente, que se torna generalizada. As infecções foram caracterizadas como sendo pós-vacinais com base nos estudos de patogenicidade, ausência de corpúsculos de Negri, multiplicação em tecido celular e utilização de técnicas de anticorpos monoclonais. 

Nos felinos que apresentaram Raiva pós-vacinal, 60% eram positivos para o vírus da Leucemia Felina (FeLV), sugerindo que a infecção pelo vírus da Raiva pode ocorrer nestes animais, que possivelmente se encontravam imunodeprimidos. 

Os casos de complicações pós vacinais com vacinas inativadas são extremamente raros, onde a principal causa é a inativação insatisfatória do vírus vacinal, que pode permanecer viável e induzir a doença.  

Dr. José Brites Neto
Médico Veterinário CRMV-SP nº 11996

 

 

Leptospirose

Consiste em uma importante doença infecto-contagiosa, de notificação compulsória, que acomete tantos animais quanto o homem.

Esta zoonose, que tem como agente etiológico bactérias do gênero Leptospira, é uma das mais frequentes, concentrando-se especialmente nos meses chuvosos, em regiões alagadas e/ou deficientes em saneamento básico.

Nos cães, esta patologia caracteriza-se por desordem renal e/ou hepática aguda, podendo, em muitos casos, levar à septicemia. Os quadros crônicos desta moléstia resultam em sequelas como, por exemplo, doença renal crônica.

A bactéria causadora da leptospirose é aeróbia ou microaerófila, gram-negativa e faz parta da ordem das espiroquetas. Sua multiplicação ocorre fora do hospedeiro, sendo que sua sobrevivência no ambiente fica na dependência das condições do mesmo, podendo sobreviver por até 180 dias em solo úmido ou em águas paradas.

As leptospiras são subdividas em sorovares, baseados nas diferenças antigênicas. Os cães são os hospedeiros primários das seguintes leptospiras: L. canicola e L. bataviae. Infrequentemente, os cães também podem ser hospedeiros, acidentalmente, da L. gipptyphosa, L. pomona, L. icterohaemorrhagiae e L. bratislava.

Este patógeno penetra no organismo através das mucosas ou pele lesionada, sendo que o contágio entre cães pode ocorrer por contato direto com animais infectados, ou por transmissão indireta, com um animal susceptível ficando exposto a um ambiente contaminado. Após 4 a 11 dias de ocorrida a infecção, a bactéria alcança  a corrente sanguínea, multiplicando-se velozmente, originando a leptospiremia, na qual pode ser observada inicialmente febre, leucocitose e albuminúria. Em alguns animais a bactéria pode disseminar-se pelo organismo, invadindo órgãos pelos quais este agente possui tropismo, como o fígado, rins, baço, olhos, sistema nervoso central, podendo levar a danos severos. Podem surgir petéquias, equimoses, icterícia, lesões hepáticas e renais graves, podendo ocasionar, neste momento, a morte do animal em decorrência de uma insuficiência renal ou hepática.

Dentre de 7 a 10 dias há o fim da bacteremia, com diminuição da febre e eliminação da bactéria situada na circulação sanguínea pelos anticorpos. Nesse ponto, pode iniciar-se a recuperação do animal, sendo esta mais rápida quanto menores forem as lesões nos órgãos. Contudo, o patógeno pode alojar-se em locais onde os antígenos não alcançam, como córnea e túbulos reanis, resultando em uveíte e leptospirúria, respectivamente. Esta última pode persistir por anos, compondo uma fonte de infecção para outros animais.

As manifestações clínicas ficam na dependência de fatores como condições imunológicas, idade do animal, fatores ambientais e virulência do sorovar. A leptospirose nos cães pode ser peraguda, aguda ou crônica.

No quadro peraguda, o animal pode apresentar intensa leptospiremia, choque, evoluindo para a morte rapidamente. Nos casos agudos, os cães podem apresentar anorexia, febre, vômitos, desidratação, poliúria, polidipsia e relutância em movimentar-se. Com a evolução do quadro, podem aparecer também oligúria e anúria.

Nos quadros crônicos, os sinais clínicas podem não ser tão perceptíveis. Pode haver febre sem causa aparente e também conjuntivite. Além disso, distúrbios hepáticos e renais também podem aparecer.

O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como urinálise, hematologia, sorologia e identificação da bactéria no tecido.

O tratamento tem como objetivo principal manter o animal estável durante a fase aguda da doença, prevenindo a ocorrência de maiores lesões em órgãos, como fígado e rins, bem como suprimir a leptospirúria. Antibióticos podem ser utilizados, visando reduzir a multiplicação desta bactéria e, consequentemente, diminuindo os danos causados pela mesma.

Animais que apresentam quadro agudo podem necessitar de terapia intensiva de suporte. Quando o cão já apresenta insuficiência renal e/ou desordem hepática, o prognóstico é reservado. Já quando apresenta choque e/ou coagulação intravascular dissemina, o prognóstico é desfavorável.

O controle é feito por meio da vacinação dos animais, uma vez que não há como eliminar os reservatórios deste patógeno. Sabe-se que animais jovens que não foram vacinados, ou que nasceram de mães não vacinadas, apresentam maiores chances de desenvolverem a forma peraguda da doença.

Fontes:
http://www.pfizersaudeanimal.com.br/PDFs/Boletim_Leptospirose.pdf
http://www.leptospirosenobrasil.com.br/trab_tecnicos/leptospirose_canina.pdf
http://www.cepav.com.br/br/paginas_internas/textos_tecnicos/leptospirose.html

 

Hepatite Contagiosa - Doença de Rubarth

É enfermidade infecto-contagiosa própria dos cães , sendo exemplo típico de uma enfermidade bem característica que permaneceu durante muito tempo ignorada, e sendo confundida devido seus sintomas com outra também, como ela, causada por um vírus. Somente em 1947 foi descrita pela primeira vez como entidade própria, sendo até aquela época confundida com a Cinomose, que também acomete cães.

Revisões de preparações histológicas anteriores, procedidas por Pallaske, demonstrou que a enfermidade já existia desde muito tempo, porém não conhecida como entidade nosológico distinta de outras viroses.

É essa virose denominada resumidamente como HCC, caracterizando-se por uma hepatite e perihepatite fibrinosa, edema da vesícula biliar e em alguns casos por diásteses hemorrágicas. Causa o vírus inclusões patognomônicas pela presença de corpúsculos de inclusão nos núcleos das células hepáticas. Esta também a doença presente em raposas, e nestas determinam encefalites, ou seja, um quadro clínico completamente distinto daquele que se verifica em cães, constituindo-se estes sintomas mera exceção quando ocorrem em cães.

SINTOMAS - Sem nenhuma dúvida o quadro clínico é muito parecido com aquele que apresentam os cães quando acometidos por Cinomose, sendo mera diferença apenas a gradação dos sintomas e lesões entre uma e outra doença. Pode se apresentar de três formas clínicas distintas:

QUADRO SUPERAGUDO - Neste, em geral não é a doença diagnosticada senão após a morte do animal, devido sua evolução ultra rápida, sendo os animais encontrados mortos pela manhã após ligeiros sinais de doença na noite anterior. Nestes casos, quase sempre, suspeitam os proprietários dos animais de seu envenenamento.

QUADRO AGUDO - Os animais mostram apatia, estupor e inapetência, e as vezes também sede intensa. A curva febril exibe dois e no máximo três picos, porém nenhum deles atingindo o máximo de seu pico anterior. Há de certo modo, semelhança com a curva térmica denominada bicúspide que se verifica também na Cinomose. Verificam-se também conjuntivites e hiperemia epiescleral, distinguindo porém daquela relevantemente purulenta e tão resistente a todo tratamento que ocorre na Cinomose.

Ao fim de alguns dias instala-se na córnea, uma opacidade dessa mucosa, comumentemente unilateral, o qual coincide com novo acesso febril. Esse turvamento da córnea é paulatino, e raras vezes perdurando até 3 semanas, e resistente a todo e qualquer tratamento específico. Nos órgãos respiratórios são notados distintos graus de amigdalite, faltando nestes aquele quadro pneumônico da Cinomose. O interior da garganta (fauces), encontra-se vermelho e inflamado, apresentando os animais doentes dificuldades para engolir , o que motiva vômitos por ação reflexa. Especialmente dolorosa é a palpação da região do apêndice xifoide em animais doentes por HCC, reagindo a essa exploração violentamente esses animais acometidos pela doença. Raramente existe icterícia.

Digno de se Ter em conta, pela eficácia em todos os casos, é o exame de sangue. De início são comprovados como em todas as viroses: leucopenia, que ao baixar a febre é convertida em leucocitose. Por isso a investigação morfológica do sangue carece de importância . Só na fase inicial da HCC se apresenta a leucopenia (diminuição relativa dos glóbulos da linhagem branca - leucócitos), o que é diferente do quadro quando se trata de Cinomose, sendo nesta desde seu início presente a Leucocitose (aumento relativo dos glóbulos da linhagem branca - leucócitos). No entretanto, tendo duração mais longa, também na HCC a leucocitose é presente. O mecanismo de coagulação do sangue, nos animais acometidos por HCC, é encontrado completamente alterado, com aumento do tempo de sangria, o que não acontece com a Cinomose. A velocidade de sedimentação do sangue também encontra-se aumentada. Em geral, existe a suspeita de HCC quando enfermam animais com menos de 8 semanas e quando os sintomas aparecem repentinamente, e muitas vezes violentamente. Estão presentes febre, amigdalite, enfarto dos gânglios linfáticos cefálicos, incluídas amígdalas, conjuntivite serosa e não purulenta (com rinites) além de albuminúria inconstante. É desfavorável o prognóstico quando presentes icterícia e temperatura subnormal (hipotermia). O turvamento da córnea, é na maioria dos casos de curso leve . Especial importância tem o aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia), além de externarem dor os animais nessa palpação, apresentando também o baço aumento de tamanho (esplenomegalia).

TRATAMENTO - Tem especial valor o soro hiperimune (gama-globulinas), quando precocemente aplicado, mesmo tratando-se de soro misto, como o ora existente no mercado de produtos veterinários. Deve ser também precedido ao tratamento sintomático, com medicação reconstituinte para o fígado, além de aplicações parenterais de sôro-glico-fisiológico em altas doses, além de vitaminas do complexo B. A vitamina K, indicada para melhorar a coagulação do sangue, sua ação ainda depende ainda de demonstração mais eficaz nessa doença.

PREVENÇÃO - Existem no mercado de produtos veterinários, várias vacinas com indicação preventiva contra HCC, sendo particularmente eficientes aquelas fabricadas pela Bayer alemã, como a chamada Candur S-H-L (tríplice: Cinomose, Hepatite e Leptospirose), que infelizmente dificilmente encontrada no mercado. A título informativo, os animais que conseguem sobrepujar a doença, vindo a se curarem, ficam portadores do vírus e o eliminando durante vários meses, podendo funcionarem como disseminadores para outros animais não devidamente imunizados.

 

                                                                Dr. Carmello Liberato Thadei
                                                                                 Médico veterinário - crmv-sp-0442

 

 

 


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